Inovação, produtividade e as novas exigências do consumidor

Gabriela Souza / 30 de setembro de 2019

Inovar se tornou obrigatório no setor a fim de atender também às novas exigências dos consumidores 

Softwares para desenvolver projetos de forma colaborativa, aplicativos que permitem a gestão de obras e equipes, drones, inteligência artificial, big data, entre outros. É fato que o uso de novas tecnologias e a industrialização dos processos produtivos vão modernizar a construção civil, historicamente marcada pela baixa produtividade. Aos poucos, o setor vem incorporando recursos tecnológicos digitais, tendência já percebida em outros setores da economia.  

A consultoria McKinsey constatou que a produtividade na construção global evoluiu 1% ao ano nas últimas duas décadas, bem abaixo do crescimento do setor industrial como um todo, de 3,6% ao ano. o setor ainda é uma das atividades menos digitais do mundo, o que é uma das causas de sua menor produtividade. O estudo avaliou que o uso de tecnologia digital, a automação de processos, a capacitação da mão de obra e a produção em massa em processos industriais têm potencial de aumentar a produtividade do setor. Ou seja, inovar é questão de sobrevivência. 

Esse movimento em prol da inovação vem se intensificando nos últimos anos. Uma pesquisa sobre inovação na construção realizada no Reino Unido pelo Chartered Institute of Building (CIOB) há alguns anos com mais de 450 diretores de empresas do setor mostrou que a maioria dos participantes avaliaram a inovação como muito importante para o  futuro da construção. Até então, a inovação era vista como algo restrito a setores de alta tecnologia, como indústria farmacêutica e automobilística, por exemplo. 

Porém, as empresas da cadeia produtiva da construção passaram a ser cada vez mais dependentes das inovações, principalmente devido às rápidas mudanças de mercado e à mudança de comportamento do consumidor. Ou seja, o foco em inovação visa não apenas melhorar os resultados e a produtividade de todos que participam deste ecossistema, mas também atender às novas expectativas e exigências dos clientes. 

Os consumidores tem sido um importante driver para o desenvolvimento de inovações na construção civil. Primeiro porque eles dão uma atenção especial para produtos novos ou que carregam características únicas; segundo, houve uma mudança de percepção: itens que antes eram diferenciais como churrasqueira, ar condicionado, piscina passaram a ser básicos e obrigatórios na hora da tomada de decisão. Além disso, podemos destacar o novo perfil dos consumidores: o nível de segmentação do consumidor da construção vem aumentando e as empresas precisam estar atentas para desenvolver produtos de acordo com as necessidades desses novos consumidores.  

Ou seja, o consumidor brasileiro que está adquirindo ou pretende adquirir um imóvel está cada vez mais exigente e atualizado sobre as inovações tecnológicas da indústria e está disposto a pagar mais por um empreendimento que incorpore novas tecnologias que resultem em maior economia, segurança, conforto, sustentabilidade ambiental, entre outros diferenciais. Por isso, entender o comportamento do consumidor é fundamental para que construtoras e incorporadoras possam oferecer soluções específicas para as necessidades identificadas. 

O estudo “Comportamento do Consumidor Imobiliário para 2040”, feito pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias em parceria com a Deloitte, mapeou as características das residências, considerando o processo de compra, a infraestrutura do imóvel e o comportamento do consumidor de imóveis para 2040. A principal tendência apontada pelo mapeamento é o compartilhamento de espaços, e o foco será a busca por comodidades e facilidades no dia a dia. Com isso, as soluções serão cada vez mais personalizáveis, customizáveis, flexíveis e adaptáveis.  

De acordo com o levantamento, existe um anseio do consumidor brasileiro por inovação. Os imóveis terão tecnologias de monitoramento virtual, smart home, segurança, mais acessibilidade e uso de fontes de energia renováveis. Não será uma questão de luxo, mas uma exigência dos consumidores, formados em sua maioria por famílias de três pessoas, conforme apontam os números da pesquisa. Dos consumidores que participaram da pesquisa, 10% já possuem smart home (hub que interliga os aparelhos eletroeletrônicos dentro da residência) enquanto 30% pretendem ter esse recurso no futuro. 

 

A pesquisa demonstra que o comportamento do consumidor mudou, e muito, se adaptando por conta da tecnologia, da economia e das gerações. Fabricantes de materiais, construtoras e demais empresas da indústria precisam agora aumentar os investimentos em novos produtos e novas metodologias construtivas para ampliar o uso de inovações no setor, não apenas para aumentar os índices de produtividade, mas, também, para oferecer produtos mais inteligentes e atender às novas exigências do consumidor.

ator Gabriela Souza

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