Industrialização na construção civil: desafios e sistemas

Gabriela Souza / 14 de dezembro de 2020

A industrialização na construção civil é um desafio para o setor na busca por soluções em agilidade, produtividade e com previsibilidade de custos e prazos. A qualidade e a sustentabilidade são outra preocupação crescente. 

São bastantes adversidades, mas as empresas que se comprometem com o futuro e principalmente em satisfazer seu cliente, buscam alternativas no mercado. A industrialização é base para que novas tecnologias e facilidades cheguem até o canteiro de obras com a automação e racionalização de processos. 

Outros benefícios ao industrializar estão na redução de gastos com material e mão de obra, já que é necessário menos pessoas no canteiro. Basicamente a industrialização na construção civil é como se fosse uma linha de produção com a montagem de módulos fabricados industrialmente. 

As partes de uma obra são “construídas” em fábricas e transportadas até o canteiro de obras onde serão montadas, literalmente, encaixadas. Em alguns sistemas industriais, os módulos já vêm prontos para receberem a parte hidráulica e elétrica. 

Vamos explorar os benefícios ainda neste texto, mas para você ter uma ideia, a industrialização permite entregas em menor prazo, sustentabilidade e previsibilidade, como dissemos, alguns dos maiores desafios do setor. 

Sem falar que é uma medida excelente contra o déficit habitacional e para programas como o “Minha Casa, Minha Vida”, visto a agilidade e praticidade na entrega de moradias.

Diferença entre pré-moldado e pré-fabricado na construção civil

É muito comum bater aquela dúvida no sistema modular entre materiais pré-moldados e pré-fabricados.  

Segundo norma da ABNT: NBR 9.062/2006, os dois conceitos partem da ideia de partes de uma construção que são produzidos em fábricas e transportados até o local definitivo onde serão montados (peças modulares). Mas há diferença entre os dois tipos.  

Os elementos pré-moldados não exigem controle de qualidade rigoroso e por isso dispensam a análise de laboratório. Esse tipo de material fica a cargo das construtoras ou o proprietário fiscaliza e inspeciona a qualidade ou possíveis erros. 

Já o pré-fabricado tem uma linha industrial que exige padrões a serem seguidos, por isso passam por testes mais apurados e também catalogação, com registro de data, tipo de concreto e aço e assinatura dos responsáveis pelo produto – garantindo procedência. 

Por isso é indicado escolher o pré-fabricado para as obras partindo do controle de qualidade que confere mais durabilidade e força comparado ao concreto utilizado no pré-moldado.

Sistemas industrializados na construção civil

Agora que você já viu mais sobre o que é industrialização na construção civil e as diferenças, entenda os principais sistemas utilizados. Hoje é possível contar com diversos materiais em várias etapas da obra e até mesmo a combinação deles. 

Confira alguns desses sistemas que podem substituir a construção artesanal agregando diversos benefícios como resultado: 

1 – Madeira/wood frame: um dos materiais mais tradicionais usados em construção modular. A madeira deixa um aspecto mais rústico. A combinação com outros materiais conferem segurança contra o fogo, por exemplo, o que difere de construções tradicionais. 

2 – Drywall: sistema para produção de paredes internas e forros composta por aço galvanizado e chapas de gesso acartonado aparafusadas. Pode ser usada como material termoacústico a partir do uso combinado com duas chapas e recheadas com lãs minerais (sistema sanduíche). 

3 – Plástico + concreto: é uma combinação de paredes portantes compostas a partir de perfis de PVC preenchidos com concreto. As lajes de entrepiso e de cobertura são de concreto armado. Uma construção como essa pode ser erguida em apenas 20 dias. 

4 – Banheiro pronto: como o próprio nome sugere, são módulos confeccionados em concreto armado ou reforçado com fibras que chegam totalmente prontos ao canteiro de obras, basta ser conectado às redes de água, esgoto e energia. 

5 –  Parede de concreto:  as paredes já saem fabricadas moldadas para receber a parte elétrica, hidráulica e esquadrias. Por ser um sistema de montagem rápido, é muito indicado para conjuntos habitacionais. 

6 – Steel Framing: é uma estrutura metálica a partir do uso de perfis de aço formados a frio como elemento estrutural. É um ótimo material em questões ambientais, visto a reciclagem do aço e redução de desperdícios. 

7 – Contêiner naval: uma das promessas de construções modulares são os feitos a partir de contêineres, que chegam prontos na obra e podem ser montados rapidamente e tem alta adaptabilidade, além de contribuir para uma obra mais limpa e quase sem resíduos.

Benefícios da industrialização na construção civil

Por fim, e não menos importante, conheça alguns dos benefícios em industrializar o setor da construção civil. São inúmeros, mas separamos aqueles que são os mais vantajosos.

  • Aumento de produtividade dentro do canteiro de obras;
  • Redução no prazo de entrega;
  • Construções mais ágeis;
  • Redução com gastos, principalmente com mão de obra e materiais;
  • Organização e limpeza no canteiro de obras;
  • Menos resíduos descartados;
  • Ajuda na sustentabilidade já que os sistemas emitem menos gás carbônico e entulho;
  • Qualidade através de processos mais tecnológicos e controles;
  • Previsibilidade de prazos e gastos;
  • Redução com retrabalho e improvisos.
  • Facilidade na manutenção ou na desmontagem quando terminado o ciclo de vida útil.

Desafio de industrializar a construção civil

Frente a tantas vantagens em industrializar a construção, ainda existem alguns desafios para que isso se torne um processo comum nas construtoras. Um dos problemas encontrados está diretamente ligado ao setor, sendo preciso deixar antigos paradigmas e conceitos do passado sobre construção para que uma nova mentalidade tome lugar e aceite que os benefícios da industrialização são maiores. Aqueles que sobreviverão no mercado serão os que inovarem e industrializarem seus processos. 

Por muitas vezes a falta de incentivo no mercado faz com que os profissionais não busquem por capacitação e o assunto não prospera – o que resulta em poucas empresas que fornecem esse tipo de serviço especializado. 

E por último está o investimento em mudar os processos de construção do tradicional para o industrializado. Na verdade, o que as empresas não levam em consideração é que o investimento tem um ótimo retorno , visto seus benefícios e gastos menores em materiais. 

Espera-se que o setor descubra todos os benefícios, vantagens e que, principalmente, perceba que a industrialização está ligada ao futuro da construção e dos canteiros de obras. É uma cadeia que ganha: empresas, profissionais e, sem dúvida,  a sociedade.

ator Gabriela Souza

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